O objeto editorial publicado online é dinâmico. Embora sujeito a ações de adequação ao público, formatação, classificação, publicação e arquivamento com estruturas e técnicas definidas, é também objeto da ação de seu autor e produto do olhar, da reação e da reedição que seus leitores/espectadores engendram. Ao modo do objeto publicado, o objeto arquivado online está sujeito à atualização dos seus relacionamentos e integra um universo informacional sujeito aos encadeamentos decorrentes da sua inserção em rede.
Baseada em um acervo digital ou não, em um arquivo de acesso online, a consulta pode ser feita à distância, bem como os serviços de reserva de material, empréstimo e renovação de empréstimo, a interlocução com os responsáveis. Cada acesso funciona como nó de fluxos multidirecionais e descentralizados, ponto de partida de encadeamentos.
Como qualquer arquivo digital, seja texto, imagem, imagem em movimento, áudio, ou combinações desses formatos, o arquivo de conteúdo online está sujeito a processos de normatização, preparo e recuperação sistemática; está também sujeito às relações semânticas e contextuais com o conteúdo publicado no mesmo canal, na internet em vários ambientes sociais, comerciais, culturais.
Tais condicionantes afetam diretamente a relação do arquivo com os leitores-espectadores, ouvintes do conteúdo publicado, pois esse precisa se adaptar a ferramentas de uso, às informações e seus formatos, a contextos de recepção heterogêneos, a modelos mentais diversificados, a necessidades de informação objetivas e subjetivas, a comportamentos individuais e coletivos.
A ambientação temporal e informacional dos registros
Nos ambientes online, o arquivamento de conteúdo de sites, operacionalizado em contextos heterogêneos e em constante transformação, leva em conta processos de busca e recuperação que ampliam as informações a partir dos seus relacionamentos.
Esses processos criam ambientes propícios à negociação e à influência mútua entre informações e usuários e procuram facilitar o estabelecimento de relações criativas e dinâmicas.
Para isso, é necessário, na modelagem dos arquivos e da sua recuperação, considerar aspectos objetivos que incluem a padronização dos formatos das informações, o desenho e a usabilidade da interface, a estrutura de informações e seus rótulos. E também aspectos subjetivos como experimentação e inovação, sensibilidade, inteligência, livre associação, aceitando a natureza flexível e complexa das informações.
Os processos de negociação e influência mútua entre informações e usuários aproximam a produção e o arquivamento de conteúdo online com a dinâmica do aprendizado organizacional desenvolvida por Peter Senge em seu livro A quinta disciplina. (1)
Senge defende uma dinâmica de aprendizado organizacional em que os colaboradores, ao longo do tempo, aprimoram a capacidade de criar de acordo com suas necessidades internas. Esse aprimoramento vai aos poucos desencadeando um processo de mudança individual e coletiva que leva à criação de novos modos de olhar o mundo, com novas técnicas e capacidades, em um ciclo de renovação permanente.
Segundo Senge esse ciclo é ativado por meio de cinco disciplinas (abordagem sistêmica, maestria pessoal, modelos mentais, aprendizado coletivo e visão compartilhada) que influenciam umas às outras e que se relacionam ao modo como as pessoas pensam, aprendem e constroem comportamentos coletivos.
As estruturas organizacionais que aprendem de Senge e a gestão de arquivos de conteúdo online apresentam muitas afinidades. Esses dois contextos incluem modelos sistêmicos de criação de valor e demandas por fluxos de pensamento subjetivo e criativo, resultado de interlocuções, negociações, confrontos, aceitações, que levam ao aprendizado coletivo.
(Atualizado em 14.11.2009)
Referências
1) A quinta disciplina, de Peter Senge. São Paulo: Editora Best Seller, 1999.
2) Láart des mémoires numériques de láart. Pour une “anarchive”, Anne-Marie Duguet. France: Université de Paris 1 Panthéon-Sorbonne, 2003. Ver mais sobre o conceito de “anarquivo” e livros sobre arquivos digitais de obras de arte em http://anarchive.net.
Mais sobre o assunto
→ NYT to release thesaurus and enter linked data cloud (New York Times, acesso em 3.9.2009)
→ Messing around with metadata, Jacob Harris (New York Times, acesso em 3.9.2009)
→ Mining the NY times archives (Blog Ever Was, de Ian Kennedy, acesso em 3.9.2008)
→ Times topis (New York Times, acesso em 3.9.2009)