Taxonomias, listas de itens semanticamente afins e organizados hierarquicamente, podem ser usadas para estruturar o conteúdo de mídias digitais a partir de agrupamentos baseados em similaridades e diferenças, de modo que o conteúdo mais genérico estabeleça redes de subordinações com o conteúdo mais específico e especializado. Taxonomias podem também ajudar a participação dos usuários em mídias sociais, na medida em que alinham o conteúdo a temas e palavras-chave de ampla aceitação.
Tradicionalmente, o termo “taxonomia” e suas aplicações estão associados à Ciência da Informação. Bibliotecários e arquivistas usam metodologias e técnicas baseadas em taxonomias para localizar e recuperar informações em bibliotecas e arquivos de documentos.
Na web, seu uso passou a ficar relacionado a sistemas que estabelecem relações hierárquicas ou classificatórias entre informações, especialmente aqueles agrupados em torno de um vocabulário consolidado – os termos de uma taxonomia se organizam ou se conectam para que os de uso mais restrito se subordinem aos de uso mais amplo.
Estas relações de subordinação facilita o acesso às informações, bem como sua atualização, o controle de quem acessa que informações e o controle do tempo da sua publicação.
Na criação e estruturação de mídias e plataformas digitais, a aplicação de taxonomias pode servir de base para a construção de listas facetadas de itens em sites de comércio, por exemplo, e mesmo sistemas de navegação, e tem vantagens sobre outros modos de organização, como:
■ Facilidade de recuperar informações. O usuário as localiza a partir da ordem de abrangência, das ideias principais, dos resumos, dos sumários nas camadas mais superficiais: é levado a localizar o conteúdo mais detalhado em camadas mais profundas.
■ Melhor experiência de navegação e maior confiança no conteúdo, especialmente em grandes sites, como portais de notícias, intranets, sites do governo, de universidades ou de comércio, onde o usuário pode se beneficiar muito de taxonomias planejadas tanto para navegar quanto para buscas.
■ Estímulo à participação inteligente do usuário, pois a estrutura semântica, explícita nos menus de navegação, submenus e no mapa do site, facilita a criação de associações e relacionamentos, ajudando a localizar conteúdo relacionado.

■ Estímulo à colaboração e à participação dos usuários, pois ajuda o alinhamento rápido em torno de termos e palavras-chave de ampla aceitação.
Apesar das vantagens, é importante manter um posicionamento crítico em relação às classificações. A seleção e discriminação de elementos, bem como a classificação e criação de padrões pode se ater a mecanismos arbitrários que reflitam os valores dos seus criadores e não do público amplo. (1)

A criação de taxonomias inclui processos como
1) Formação de equipe multidisciplinar, que pode incluir bibliotecários, arquitetos de informação, editores, gestores ligados à estruturação da estratégia de informações corporativas e de inteligência competitiva – equipes multidisciplinares são necessárias para diferentes abordagens de informações.
2) Definição do escopo do projeto sobre
■ Quem é o usuário-prioritário.
■ Como as informações serão utilizadas.
■ Necessidades que as taxonomias atendem (do usuário e da organização).
■ Fontes de alimentação das estruturas.
■ Necessidade de se criar ou não vocabulário controlado.
■ Tipo e formatos dos conteúdos veiculados.
■ Métricas para avaliação.
3) Criação da taxonomia, considerando a análise do contexto, a criação do ambiente de informação (ontologia), a definição da estrutura, o modo de visualização e os critérios de categorização.
4) Implementação, com a aplicação da classificação na navegação, no design, na busca, no gerenciamento de conteúdo, bem como na visualização por mapas e diagramas.
Durante o processamento de uma busca, a estrutura baseada em níveis organizados hierarquicamente pode ser exibida ao modo da organização em diretórios hierarquizados, como o do Craiglist. Os usuários examinam as categorias e realizam buscas mais específicas no âmbito de cada uma. O calendário e informações administrativas à esquerda mantêm a distinção em relação ao conteúdo principal, ao centro.
5) Testes, para verificar se o usuário acha o que procura (em quantas etapas), adequação dos rótulos, afinidade das categorias com as necessidades dos usuários.
6) Manutenção, com a atualização e a incorporação de novos conceitos e práticas, como marcação de todo conteúdo publicado (tagging) e o aperfeiçoamento da taxonomia a partir do retorno do público em canais participativos (incorporação de novos termos).
A criação de termos, sinônimos, palavras novas, gírias, metadados e subordinações a partir da participação do público (folksonomia), quando gerenciada por meio de princípios de governança, ajuda a expandir a taxonomia, tornando-a gradualmente mais relevante, pois mais representativa da linguagem do público.
A implementação de taxonomias informacionais no âmbito corporativo normalmente acompanha uma mudança cultural, sua importância e suas práticas se incorporam à criação e ao arquivamento de documentos em acervos coletivos. As mudanças incluem a sistematização dos título de cada documento, das informações que contêm e em que categorias de informações se inserem.
Por meio da categorização, os mecanismos de busca dos portais corporativos (e da internet aberta, se tiverem acesso) podem chegar às informações procuradas e disponibilizá-los aos usuários finais.
(Atualizado em 27.4.2020)
Referências
1) Texto The database, de Sharon Daniel, in Database Aesthetics – Art in the Age of Information Overflow, organizado por Victoria Vesna. Mineapolis, London: University of Minnesota Press, 2007